domingo, 13 de junho de 2010

A História do Vinho

Vinho é uma bebida obtida por fermentação total ou parcial da uva fresca, ou do sumo da uva fresca (mosto). A palavra vinho também pode ser aplicada a bebidas feitas de outras frutas, vegetais, ervas e até flores, mas usada sozinha aplica-se apenas ao produto que tem a uva como matéria-prima. Pela importância que adquiriu em muitas regiões do mundo, o vinho tornou-se objeto de uma ciência específica, a enologia, dedicada ao estudo de composição, qualidade, características e processos para sua elaboração. A área dedicada ao cultivo da videira aumentou de forma notável na segunda metade do século 20, sobretudo em certas áreas do hemisfério sul.

De acordo com a cor, o vinho pode ser tinto, rosado, clarete (ou palhete) e branco; conforme o sabor pode ser doce, semi-seco ou seco. Os vinhos doces contêm altas porcentagens de açúcar, enquanto os secos têm pouco ou nenhum açúcar, embora não sejam amargos. Outra classificação freqüente distingue, de maneira geral, vinhos comuns e especiais. Comuns são os vinhos maduros ou verdes, resultantes da fermentação normal do mosto, entre os quais se incluem os vinhos oficialmente classificados, nos países produtores ou de consumo tradicionais, como de consumo -- de mesa -- ou como típicos. Os vinhos especiais compreendem os licorosos, aqueles de elevado teor alcoólico, provenientes de mostos cuja fermentação foi interrompida por adição de aguardente vínica ou de álcool vínico; os doces de mesa, de teor alcoólico igual ou inferior a 14°; os espumantes naturais, cuja efervescência resulta de uma segunda fermentação alcoólica em garrafa ou outro recipiente fechado, produzida por processos tecnológicos clássicos; e os espumantes gaseificados, cuja efervescência é produzida por adição de gás carbônico puro, com aparelhagem adequada.
Em seus primórdios, os vinhos eram extremamente diferentes dos que bebemos nos dias de hoje. Acredita-se que eram espessos, com alto teor alcoólico e com muitos sedimentos. Freqüentemente eram diluídos em água, às vezes do mar, em proporções de até uma parte de vinho para 20 partes de água.
Tecnicamente o vinho é resultado da fermentação do açúcar existente no suco produzido com uvas. Além do álcool decorrente de tal processo, o etanol, encontramos açúcares, acetatos, ácidos e várias outras substâncias.
Por sua composição singular o vinho foi utilizado no passado como medicamento, substância anti-séptica, anestésico e até mesmo como método químico para tornar a água potável. Hipócrates, o precursor da medicina, no século IV a.C já prescrevia vinho para tratamento de reações alérgicas, como antitérmico, diurético e reenergizante.
Na antiguidade o álcool era tido como método importante tanto para conectar-se com os deuses quanto para aliviar as agruras de uma vida curta e, não raro, violenta. Na Grécia antiga, a depender da dose ingerida, o vinho podia ser considerado remédio ou veneno.

Difundia-se que até três doses de vinho era o recomendado para desfrutar dos benefícios do vinho. É interessante notar que o tamanho adotado para a maioria das garrafas de vinho atuais comporta seis doses, ou seja, três doses para duas pessoas.
A primeira menção de vinho de qualidade superior de um vinhedo específico (Premier Cru) data de 121 a.C. e refere-se ao Opimiano de Falerno, vinho da Campânia, na Itália, que de tão raro e caro era considerado um vinho para reis.
É provável que o vinho tenha surgido no sul da Ásia, de onde se estendeu à Europa e ao Extremo Oriente. O cultivo da videira foi abandonado no Japão, na China e em boa parte dos países muçulmanos por motivos religiosos e sociais, mas floresceu na Grécia e em Roma. Os romanos difundiram a videira por seu império, em especial na Hispânia e na Gália, onde pela primeira vez se utilizou o tonel para armazenar e conservar o vinho. Mais tarde, como efeito da expansão colonial européia, a cultura da vinha chegou a longínquas regiões, onde quer que a favoreça a natureza do solo e as condições climáticas.
Na Grécia antiga, o vinho era escuro e geralmente bebido com água; bebê-lo sem mistura era considerado procedimento devasso. Guardado em barricas, odres de pele de cabra ou ânforas de barro tampadas com óleo ou com um trapo engordurado, o vinho estava todo o tempo em contato com o ar. A maturação plena só foi possível a partir da generalização do uso da garrafa e da rolha.

Na Idade Média, a produção e a qualidade do vinho decaíram muito. Devido à necessidade de vinho para o serviço religioso, o cuidado da vinha era uma preocupação particularmente eclesiástica. O posterior reaparecimento de vinhos e vinhedos de reconhecida qualidade esteve sempre associado à iniciativa de monges ou de monarcas especialmente devotados à igreja. Atribui-se a Carlos Magno o plantio de famosos vinhedos do Reno e da Borgonha, mas somente a partir do século 12 teve início o plantio de grandes áreas e a ampliação do mercado do produto. Devido à precariedade dos transportes medievais, os parreirais tinham que se localizarem as margens dos rios; os vinhos mais famosos originaram-se de terras ao longo do Reno, Garonne e Loire.
O uso de garrafas e rolhas para vinho tornou-se comum por volta do final do século 17 e resultou em grande parte do trabalho de D. Pierre Pérignon, da abadia de Hautvillers, que é tido por criador do champanha. Outra mudança importante foi a descoberta acidental, em 1775, de que as uvas apodrecidas nas videiras produziam doçura e buquê inimitáveis. Na década de 1750, os produtores da ilha da Madeira passaram a fortalecer seus vinhos com o acréscimo de conhaque, processo essencial para a manufatura e maturação de quase todos os vinhos generosos, que se bebem fora das refeições ou à sobremesa.

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